Cristiane Bonfanti e Victor Martins - Estado de Minas
Publicação: 11/03/2012 07:38 Atualização: 11/03/2012 08:28
Em obras de infraestrutura, como a reforma do Mineirão, empreiteiros já enfrentam dificuldade para contratar pessoal qualificado |
José Márcio Camargo, economista da Opus Investimentos, explica que, com o crescimento da economia nos últimos anos, o Brasil atingiu um patamar histórico de baixo desemprego. As empresas absorveram praticamente toda a mão de obra capacitada disponível. Em dezembro, a taxa de desocupação foi de 5,5% no país, a menor para o mês desde o início da série histórica, em março de 2002. Mesmo assim, ainda há 1,3 milhão de pessoas à procura de uma vaga. A escassez, diz Camargo, está na qualificação. “O problema é que o nível educacional dessas pessoas é baixo”, diz o especialista.
Clique e conheça as áreas e cargos com escassez de mão de obra |
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que, nos próximos três anos, o setor demandará 97,3 mil novos técnicos. As indústrias precisarão, principalmente, de trabalhadores com formação curta, de pouco mais de 200 horas. Para o cargo de mecânico de manutenção de máquinas industriais, com salário inicial de R$ 1,1 mil, por exemplo, serão abertas 30 mil vagas. Os operadores de máquinas de produtos plásticos também serão cobiçados: serão nada menos que 12,5 mil postos, com remuneração de R$ 841. “As ocupações que estão na base da pirâmide vão gerar mais empregos. Com esses dados em mãos, a população pode escolher que curso fazer. No caso dos técnicos, o país precisa começar a formar hoje para ter profissionais daqui a um ano e meio”, observa Márcio Guerra, gerente do Observatório Ocupacional do Senai Nacional.
DESPREPARO Assim como a indústria, a construção civil não encontra candidatos qualificados para os serviços mais simples. Estima-se que, em todo o país, haja 250 mil postos à espera de um trabalhador bem preparado. Pelos dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), 94% das empresas têm dificuldade em contratar profissionais pedreiros e serventes. Vice-presidente de relações capital-trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Haruo Ishikawa diz que o Brasil não estava preparado para o boom que o setor viveu nos últimos anos. “De 2005 para cá, o número de trabalhadores na área passou de 1,7 milhão para 3 milhões”, estima.
O setor automobilístico também sofre com a escassez de profissionais. A carência de mão de obra inclui os serviços mais básicos, como reparador de veículos e motorista de caminhão. O déficit de mecânicos é de 90 mil trabalhadores. A carência de caminhoneiros frotistas no país é ainda maior: faltam 130 mil profissionais. O diretor de recursos humanos da transportadora Braspress, Gustavo Brasil, explica que o problema é quantitativo e qualitativo. “Os últimos anos têm sido perversos para as transportadoras. Além da falta de profissionais, que migram para outras áreas nas quais o trabalho não é tão pesado, os trabalhadores que aparecem são pouco capacitados”, diz.
Jeová Jire veio morar no Brasil!
ResponderExcluir