30 março 2015

Estado Islâmico aperta cerco contra gays na Síria.


O EI joga os homossexuais de cima dos prédios.

BEIRUTE - Pela lei da sharia, a homossexualidade é um crime passível de morte. Especialmente com o Estado Islâmico, que aplica o radicalismo islâmico às consequências mais pesadas, os gays têm vida ainda mais difícil. Em novembro, o grupo fez sua primeira execução pública de homossexuais, apedrejando dois sírios. Em outra ocasião, no Iraque, as imagens de homens sendo jogados do alto de um prédio pelo crime previsto no código da sharia rodaram o mundo.
— Quando pensei que tudo já havia acabado, o poior começou. Veio a revolução, o caos se apoderou de Raqqa e o Exército Livre Sírio virou a al-Nusra (frente da al-Qaeda no país) e o EI — conta ao jornal.

Três amigos homossexuais foram mortos por jihadistas: dois com bala na cabeça e um de ataque cardíaco enquanto era torturado. Ibrahim afirma, no entanto, que os homossexuais ativos não se viam como parte da comunidade gay, e acabaram entregando todos os parceiros de sua época pré-insurgência.

Ibrahim foi sequestrado e torturado. Com € 10 mil pagos mais uma vez pela família, desta vez aos jihadistas, ele foi novamente libertado. Desta vez, foi forçado a fugir de Raqqa pelos próprio parentes. Foi a Damasco.

Na mesma cidade, o “El País” conta que um sírio-espanhol de 35 anos foi arrastado pelas ruas com o namorado. Só escapou pelo passaporte europeu.

Ibrahim foi para o Líbano, onde tenta começar uma nova vida.

— São sete meses em espera de um asilo político na Europa. Sei que mereço um novo começo. Mas ainda não me deram a oportunidade.

Os relatos como o de Ibrahim não são raros: nos últimos três meses, pelo menos três execuções públicas de gays foram divulgadas pelo grupo. O grupo é um dos alvos mais procurados, mas não o único. Cristãos, muçulmanos moderados e governos são alvos dos jihadistas.


A tripla condenação dos gays sírios

A tripla condenação dos gays sírios

Homossexuais fogem do país árabe por causa das ameaças dos jihadistas, que se somam à repressão pelo regime e à rejeição por suas famílias e tribos

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Imagem de um vídeo do EI no qual dois jihadistas atiram um suposto homossexual do alto de uma construção, na localidade iraquiana de Nínive
Em novembro passado, dois jovens sírios foram apedrejados até a morte. A execução ocorreu em Deir Zor, um feudo do Estado Islâmico (EI) no nordeste da Síria. Seu crime: serem homossexuais. Tratava-se da primeira execução pública de gays pelas mãos do grupo jihadista. Um homem leu a brutal condenação, emitida com base na rigorosa lei religiosa que serve de Constituição no califado. A 140 quilômetros dali fica Raqqa, a capital do EI, de onde o médico Ibrahim, de 33 anos, fugiu há um ano. É que o fato de ser homossexual resultava em uma perseguição contínua na sua cidade natal. Encarcerado sob a lei síria, condenado a morte pela dos jihadistas e banido por sua própria tribo, Ibrahim conseguiu sobreviver a uma tripla condenação.
Após quatro anos de guerra e mais de 200.000 mortos, as execuções de homossexuais se intensificaram no reino do EI, que ocupa partes da Síria e do Iraque. As imagens de dois jovens sendo empurrados do terraço de um edifício na localidade iraquiana de Nínive deram a volta ao mundo. Com os olhos vendados e as mãos atadas às costas, eles eram atirados ao vazio, enquanto o verdugo proclamava: “Muçulmanos, sejam testemunhas da aplicação da lei!”.

Beirute, refúgio para exilados políticos

Vários jovens homossexuais sírios trocam impressões na sede da ONG Proud Lebanon, na periferia de Beirute. Trazem consigo o duplo trauma acumulado por fugir da guerra e lutar para continuar vivos apesar da sua sexualidade. Perseguidos tanto nas áreas leais ao regime como nos bastiões rebeldes, resta aos homossexuais sírios apenas a opção do exílio para sobreviver. Em 2013, o libanês Bertho Makso, cofundador da ONG, começou a acolher refugiados sírios homossexuais.
“Oferecemos atendimento médico e psicológico, cursos de formação e um prato quente. Para muitos, será a única coisa que vão ingerir no dia”, conta Cosette Maalouf, funcionária da ONG. O centro acolhe 320 homossexuais, dos quais mais de 60% são sírios. “A maioria vê Beirute como um lugar de passagem para ir à Europa”, explica Makso, segundo quem 70 deles obtiveram asilo político no ano passado.
Diferentemente dos demais refugiados sírios, esses estão sozinhos. Romperam com sua família e fugiram do regime e dos rebeldes. “Trata-se de uma comunidade muito vulnerável dentro dos refugiados sírios, mas não há estudos ou organismos que realmente monitorem esses casos. Não são perseguidos apenas pelo Estado Islâmico, mas sim por [outros] rebeldes, pelas leis sírias e pela própria moral social. Os ataques do EI são mais visíveis por causa da sua polícia moral”, observa Nadim Khoury, diretor da ONG Human Rights Watch em Beirute.
Entre os 320 beneficiários, há apenas quatro mulheres. “Na nossa sociedade não se considera que a mulher tenha uma sexualidade, e durante a guerra ficamos trancadas em casa. Por isso é mais fácil para as lésbicas passar despercebidas. Não sei de nenhuma execução de uma mulher homossexual”, conta Bahiya, de 28 anos, falando por telefone de Aleppo.
Em 2010, antes de as primeiras revoltas estourarem na Síria, Ibrahim foi detido com base no artigo 520 do Código Penal sírio, em vigor desde a época que o país era um protetorado francês. Pela lei, quem realizar “atos sexuais não naturais” pode ser condenados a até três anos de prisão. Sob tortura, um de seus amigos detidos o delatou. A família de Ibrahim, que pertence a uma tribo conhecida, decidiu ocultar o escândalo recorrendo a contatos no regime e a um pagamento equivalente a cerca de 58.000 reais. Ibrahim saiu da prisão, mas sua liberdade durou pouco: “Quando pensei que tudo havia terminado, o pior começou. A revolução teve início, o caos tomou conta de Raqqa,o Exército Sírio Livre se transformou em Al Nusra [filial da Al Qaeda em Síria] e em EI”.
Três de seus amigos homossexuais foram executados pelos jihadistas. Um deles morreu do coração enquanto era torturado. Os outros dois, com um tiro na nuca. “Em Raqqa, a comunidade gay era ativa. Mas só os homossexuais passivos são considerados gays. Muitos dos que tinham mulheres e se deitavam com homens foram parar nas fileiras da Al Nusra e do EI. Para expiar suas culpas, entregaram todos os gays que conheciam da sua fase pré-revolucionária. Meus três amigos pagaram com sua vida, e dos telefones deles tiraram os números de dezenas de outros como eu”, relata, com um sorriso amargo.
Pouco depois, Ibrahim foi sequestrado e torturado pelos jihadistas. Sua tribo interveio pela última vez, pagando o equivalente a cerca de 32.000 reais por sua vida. “Eu tinha parentes próximos do EI e da Al Nusra que pediam minha cabeça. Meu tio conseguiu negociar minha liberdade, mas me deram duas horas para deixar Raqqa. Eu havia desonrado a minha família e a minha tribo.”
A família de Ibrahim pagou o equivalente a 58.000 reais para tirá-lo da prisão e outros 32.000 para que os jihadistas os soltassem
Sua primeira parada foi Damasco, região leal ao regime e onde ainda existem vários hamam (saunas) transformados em lugares de encontro para homossexuais. “É ilegal, mas, se os donos subornarem a polícia, ela faz vista gorda”, provoca Jorge, 35 anos, falando por telefone de Madri. Em março de 2012, Jorge – que é filho de um sírio e uma espanhola – hospedou-se com seu namorado em um hotel. “A polícia nos flagrou na cama. Arrastaram-nos nus pelos corredores e pela rua. Chamavam-nos de doentes mentais, enquanto nos chutavam”, conta esse ex-professor de Filologia Hispânica. Ele conseguiu pagar a fiança para sair do calabouço, em torno de 10.000 reais. “Logo depois me convocaram para me alistar no Exército. Por ser filho único estou isento do serviço militar, por isso eu soube que era uma armadilha para me prender por ser gay. Fiz as malas e fugi para a Espanha”, conta Jorge, que acabou sendo salvo por seu passaporte espanhol.
Ibrahim também escapou. Agora, como refugiado sírio no Líbano, ainda guarda esperanças de uma nova vida: “Passamos anos sob a repressão do regime, e a comunidade internacional não se importou. Há sete meses espero asilo político na Europa. Tento manter a prudência, porque sei que mereço um recomeço. Mas até agora não me deram a oportunidade”.

23 março 2015

Better with Obamacare

 THE WHITE HOUSE 
 

Better with Obamacare:
On March 23, 2010, President Obama signed a historic law that has transformed the lives of millions of Americans.
Tomorrow, the Affordable Care Act will celebrate five years of significant progress. That's a fact that people across the country can see in more affordable coverage, higher quality care, and better health, thanks to Obamacare.

After five years of the ACA:

More than 16 million
Americans have gained health coverage

Take a look back at history in the making:
Look back at the passage of the Affordable Care Act.

9.4 million
People with Medicare saved a total of more than $15 billion on prescription medications

76 million
People are benefiting from preventive care coverage

105 million
People no longer have a lifetime limit on their health coverage

Up to 129 million
People with pre-existing conditions are no longer at risk of being denied coverage

ZERO
Death panels were created

Share the celebration:
See how President Obama reacted to the good news five years ago and share how health care reform has been making a difference ever since.

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The White House • 1600 Pennsylvania Ave NW • Washington, DC 20500 • 202-456-1111

19 março 2015

Jornalista que obteve acesso raro ao 'EI' relata 'medo e brutalidade' em Mosul

Jornalista que obteve acesso raro ao 'EI' relata 'medo e brutalidade' em Mosul

  • 24 dezembro 2014
BBC
Jüergen Todenhöefer concedeu entrevista à BBC já em sua casa, em Munique
Um jornalista alemão que obteve acesso raro ao território comandado pelo grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) no Iraque disse em entrevista à BBC que o grupo é mais forte, mais violento e mais difícil de enfrentar do que se imagina.
Jüergen Todenhöefer passou seis dias na cidade de Mosul, a segunda maior cidade iraquiana, hoje comandada pelo EI. Ele conseguiu chegar à cidade através de Raqqa, na Síria.
Segundo Todenhöefer os seguidores do EI estão extremamente motivados e dão todo apoio à brutalidade do grupo. Ainda segundo o autor, o fato de os militantes estarem espalhados pela cidade dificulta que eles sejam atingidos pelos ataques aéreos ocidentais.
O alemão testemunhou o grupo impor sua versão radical do islamismo sunita: cartazes dão instruções de como os homens devem se posicionar durante as orações e dizem às mulheres como elas devem se cobrir.
As pessoas são instruídas, por exemplo, a não usar roupas que "lembrem as usadas por mulheres ou homens infiéis".
Imagens em painéis publicitários foram pintadas de preto e as livrarias exibem panfletos e livros sobre regras religiosas, incluindo instruções para o tratamento de escravos.
Panfletos ensinam aos homens a posição de rezar e às mulheres, como se cobrir
O autor viu também crianças combatentes que carregavam armas para o chamado "califado" e encontrou recrutas do mundo todo, incluindo países como a Grã-Bretanha, Estados Unidos, Suécia e Trinidade e Tobago.

Governar pelo medo

Ex-político na Alemanha, Todenhöefer é o único estrangeiro que conseguiu viajar e sair do território comandando pelo grupo.
Na conversa que teve com a BBC em sua casa, em Munique, ele afirmou que ficou chocado com o entusiasmo pela violência e a ambição do grupo em levar a cabo o que chama de "limpeza religiosa" em paralelo à expansão do seu território.
"Existe um entusiasmo que eu nunca vi antes em uma zona de guerra", afirmou.
"Eles estão tão confiantes, têm tanta segurança. No começo deste ano, poucas pessoas conheciam o EI. Mas agora eles conquistaram uma área do tamanho da Grã-Bretanha. Isto é um movimento de 1% (de pessoas) com o poder de uma bomba nuclear ou de um tsunami."
Filmado pelo filho, com um documento que garantia a segurança de ambos, o material colhido por Todenhöefer dá a impressão de que o EI está mais preocupado em consolidar uma burocracia e permanece relativamente imune aos efeitos dos ataques aéreos da coalizão.
"Tive a impressão de que eles querem mostrar que o Estado Islâmico está funcionando", disse Todenhöefer.
O autor afirmou ainda que, na superfície, a vida parece mais normal do que ele esperava. Mas todos os cristãos e xiitas já fugiram de Mosul depois que os militantes do EI assumiram o poder.
O grupo agora tem seu próprio sistema judiciário, com bandeiras do EI penduradas nos tribunais. E também a própria polícia aplicando a severa lei islâmica.
O chefe da polícia local disse ao jornalista que não precisa mais administrar punições violentas na cidade: o medo, segundo Todenhöefer, parece funcionar como uma espécie de prevenção da violência.

Pessimista

Mas o que deixou o jornalista mais assustado foram as conversas que teve com militantes, ele conta. O autor disse que lembrava aos combatentes que a maioria dos capítulos do Corão começava com as palavras "Alá... o mais misericordioso".
"Eu perguntei: onde está a misericórdia? Nunca consegui uma resposta."
Todenhöefer estima que a cidade de Mosul agora está sendo mantida por alguns milhares de combatentes.
O autor acredita que o EI é mais forte no Iraque que na Síria. Na cidade síria de Raqqa, por exemplo, o quartel-general do grupo, ele afirma que o presidente sírio Bashar al-Assad ainda paga os salários dos funcionários do governo.
"Eles são os inimigos mais violentos e perigosos que já vi em minha vida. Não vejo ninguém com chances reais de pará-los. Apenas os árabes podem parar o EI. Voltei muito pessimista."
Todenhöefer disse que teve sorte em conseguir voltar para casa, levando em conta o número de ocidentais que foram decapitados pelo grupo.
BBC
Autor conta que conseguiu um documento que serviu como permissão para ir a Mosul, dado pelo 'gabinete do Califado'
Ele negociou o acesso ao território com um jihadista alemão durante meses e levou consigo, durante a viagem, uma permissão escrita emitida pelo "gabinete do Califado" que o protegeu em várias ocasiões.
"Algumas vezes, temi que eles pudessem mudar de ideia", disse.
Foi esse temor que, no fim, o fez decidir fugir com o filho pela fronteira com a Turquia. "Tive que correr por mil metros, com nossas malas e todas as nossas coisas", contou.
"Quando chegamos, senti uma felicidade incrível. Percebi então que estava carregando toneladas nos ombros. Liguei para minha família e, naquele momento, percebi que o que eu tinha feito não tinha sido fácil."

Anjo da Morte: veja o ‘Rambo’ da guerra no Iraque contra EI

Anjo da Morte: veja o ‘Rambo’ da guerra no Iraque contra EI

Abu, como é chamado, faz parte da Brigada Imam Ali, grupo xiita que luta na operação na cidade de Tikrit e estourou como uma figura cultuada nas redes sociais

atualizado às 10h22
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Ninguém sabe ao certo o nome real dele, mas foi chamado de Abu Azrael, um homem forte e alto, de barbas longas e cabeça raspada. Nos últimos dias, o militar virou “febre” na internet por ser reconhecido como o “Anjo da Morte”, ou último “Rambo” ao lutar pelo exército iraquiano contra os insurgentes do Estado Islâmico. As informações são da Al-Jazeera e Shiite News.
 Foto: Shiite News / Reprodução
"O Anjo da Morte": fotos do militar são divulgadas nas redes sociais
Foto: Shiite News / Reprodução
Abu é comandante da Brigada Imam Ali, grupo xiita que luta na operação Tikrit e estourou como uma figura cultuada nas redes sociais, em páginas criadas sobre ele – nas quais aparece em fotos segurando armas e vestindo uniforme. Algumas informações espalhadas na internet dizem que ele é professor universitário.
 Foto: Al-Jazeera / Reprodução
Ninguém sabe ainda quem é o Anjo da Morte, mas o suposto professor e herói da internet já apareceu em revistas e mídias internacionais
Foto: Al-Jazeera / Reprodução
Tikrit é a cidade natal de Saddam e tem uma grande importância estratégica para a minoria sunita do país. Alguns relatos locais que as forças iraquianas e xiitas já apreenderam grandes áreas da região.
Ninguém sabe ainda se as informações relacionadas ao "Rambo" iraquiano são verdadeiras, mas o suposto professor e “herói” da internet já apareceu em revistas e mídias internacionais.
A imprensa local cita o ‘Anjo da Morte’ como representação de um perfil cibernético contra-ataque – um herói contra os vilões extremistas. No entanto, o foco na pessoa do comandante traz uma questão maior, que é a confusão entre o espaço cibernético e o violento conflito real, o que vem se tornando cada vez mais difícil acontecer.
Novo vídeo do EI mostra criança executando espião israelense
Um exemplo recente foram vídeos publicados pelo Estado Islâmico, com militantes executando civis inocentes em imagens semelhantes a jogos de videogame. O autor dos disparos foi chamado de “Sniper de Bagdá”, uma comparação ao recente filme de Hollywood, “Sniper Americano” (com direção de Clint Eastwood).