16 agosto 2014

Marinha norte-americana planeja novas regras de exploração e aproveitamento do Ártico

Há uma maneira de ganhar dinheiro e as mudanças climáticas estão tornando isso possível.
Cerca de 25 mil ursos polares vivem dentro e ao redor do Círculo Polar Ártico. A mudança climática colocou os ursinhos – os favoritos de longa data de livros infantis e cartões de Natal – em perigo.
Em 2008, os Estados Unidos classificaram esses animais como uma “espécie ameaçada”, sob a Lei das Espécies Ameaçadas e as populações têm diminuído desde então.
Ártico
Mas quando é aceitável um fuzileiro naval atirar em um urso? A Marinha ainda está tentando descobrir isso.
Walter Berbrick, um oficial da Marinha aposentado e professor de jogos de guerra da Escola de Guerra Naval dos EUA, foi à realização das Operações de Jogos da Frota do Ártico em 2011, simulando, entre outras coisas, como a Marinha iria responder a um derramamento de petróleo no Ártico, quando descobriu que não havia regras de engajamento para os ursos polares.
“Você realmente tem que estar consciente de onde você está e onde eles estão”, diz Walter, destacando que os ursos polares nadam em águas abertas e em blocos de gelo, onde as unidades navais teriam que operar.
“As pessoas precisam ser treinadas e enviadas com a compreensão de sua interação com os ursos polares. A Marinha precisa de algum tipo de treinamento que propicie proteção da força especializada, políticas e regras de engajamento. É algo que a Marinha não planeja, porque não houve uma demanda para isso até agora”, explica Walter.
Em fevereiro, a Marinha lançou o roteiro para a Frota do Ártico entre 2014-2030, um documento que descreve os preparativos navais para a região. Ele não aborda as regras de engajamento para os ursos polares e também não discorre sobre as várias outras necessidades das capacidades navais no Ártico, de novos equipamentos de comunicação via satélite e os exercícios de treinamento de clima frio.
Como o aquecimento global derrete o gelo do Ártico, a região sofre com o aumento da atividade comercial como  transporte, mineração e perfuração. E junto com a atividade humana vem a política externa e a estratégia militar.
Os estrategistas da Marinha e todo o governo estão se esforçando para implementar políticas, desenvolver tecnologia e criar um plano de ação para a região que está se expandido comercialmente.
O Ártico abrange cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados: 8 por cento da superfície da terra e 15 por cento do seu território total. Rússia, Canadá, Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Islândia e Estados Unidos têm território que se estende até o Círculo Polar Ártico.
Cerca de 13 milhões de pessoas vivem dentro do Círculo Polar Ártico, cerca de 7 milhões a menos que na área metropolitana de Nova Iorque. Isso porque o Ártico tem alguns dos climas mais severos do planeta, chegando a – 45ºC no inverno.
As mudanças climáticas provocadas pelo ser humano afetam o mundo todo, mas o Ártico está sentindo o impacto de forma mais rápida e dramática do que em outros lugares.
Desde 1978, a tampa de cobertura de gelo que dura todo o inverno e recua no verão encolheu em 12 por cento a cada década. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima destacou o derretimento do gelo do Ártico como uma das primeiras vítimas graves do aquecimento global.
E essas mudanças estão acontecendo mais rápido que o previsto. “Os modelos climáticos têm subestimado a taxa de mudança no Ártico”, afirma Jan-Gunnar Winther, diretor do Instituto Polar Norueguês. “Devemos estar conscientes de que o futuro pode trazer ainda mais surpresas na região”, diz ele.
No ano passado, foi registrado o quinto menor nível do gelo do mar Ártico desde 2011.
“É ótimo se você é um carregador”, diz Laurence Smith, professor de geografia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, que estuda a região.
A carga de trânsito da Rota do Mar do Norte bateu um recorde histórico em 2013. “A percepção popular é que o aquecimento do Ártico vai abrir algum tesouro de recursos”, afirma Smith.
Isso se tornará realidade em vários setores. O turismo na região está crescendo e é esperado que a perfuração de poços para a extração de petróleo cresça, uma vez que a região detém até 22 por cento das reservas de petróleo e gás inexplorados do mundo.
Verões mais longos e menos gelo já deram às empresas petrolíferas fortes incentivos para iniciar a exploração.
Menos gelo também significa mais navios. Fazer a rota em torno do Pólo Norte poderia reduzir o tempo e o custo do envio de produtos para muitos países que evitariam os canais de Suez ou do Panamá. Rússia e China, em particular, têm demonstrado interesse em rotas de navegação do norte.
© 2014, Newsweek

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