Maior democracia do mundo, com 1,1 bilhão de habitantes, a Índia é palco, desde agosto, de perseguição a uma minoria. Os cristãos, que representam 2,3 % da população, estão no alvo de agressões por parte de hindus extremistas – também minoria dentro do conjunto de hindus, que são 80% da população.
Ninguém sabe quantas pessoas já foram mortas, mas estima-se que sejam 500 os assassinatos, somados a milhares de conversões à força ao hinduísmo. Centenas de igrejas e casas foram queimadas e destruídas e nem religiosos foram poupados.
A violência está concentrada em regiões onde há maior concentração de fanatismo hindu: Orissa, principalmente, mas também Karnataka, Kerala, Madhya Pradesh, Uttar Pradesh e Jharkhand.
A matança começou no dia 24 de agosto, um dia após o assassinato do líder hindu Swami Laxamananda Saraswati em Kandhamal, distrito da região de Orissa. A autoria do atentado foi assumida por maoístas, mas os grupos hindus Vishwa Hindu Parishad e Sangh Parivar continuaram a perseguir cristãos.
Omissão
O que surpreende na grande democracia indiana é a omissão da polícia e do governo. De acordo com testemunhas, a violência ocorre em plena luz do dia, nas ruas, com a polícia olhando.
Uma freira foi estuprada por um grupo em Kandhamal. O frei que tentou ajudá-la apanhou e foi besuntado com petróleo. Depois ela foi levada quase nua pelas ruas – na presença de dezenas de policiais. “A policia não ajuda os cristãos. É uma espectadora silenciosa”, disse o diretor de treinamento profissional da ordem dos claretianos no distrito de Ranchi, frei Lord Maria Winner, à Gazeta do Povo.
Outra freira foi queimada viva em um orfanato de Bargarh.
O frei Bernard Digal apanhou de mais de dez pessoas e morreu um mês depois no hospital devido a um coágulo no cérebro.
Em carta que circula entre igrejas do mundo, um pastor evangélico pede socorro e fala de como escapou da morte – mas também aborda o assassinato de outros 30 pastores.
O governo da região de Orissa chegou a enviar um documento à Suprema Corte do país assegurando que a situação estava sob controle. Ao mesmo tempo, o distrito de Kandhamal barrou a entrada de qualquer pessoa.
Mesmo tendo promovido uma investigação durante quatro meses que mostrou que não há casos de conversão forçada ao cristianismo (motivo alegado pelos hindus para a perseguição), o governo preferiu não adotar medidas enérgicas, em vista das eleições regionais que estão sendo realizadas no segundo semestre.
Enquanto isso, há relatos de que a minoria hindu que arma milícias já teria 1 milhão de soldados. “O governo é uma mistura de partidos locais com o partido hindu nacional. E não está contendo a violência”, diz Winner. Para ele, a solução virá de hindus não-fundamentalistas, que são maioria.
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