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Encontrada tumba com referência direta à ressurreição de JesusPesquisador conhecido por controvérsias históricas anuncia ter encontrado, em Jerusalém, uma caverna datada de antes do ano 70 d.C.. Ossários trariam ícones e inscrições com referências diretas a Jesus e à ressurreição
Encontrada tumba com referência direta à ressurreição de JesusPesquisador conhecido por controvérsias históricas anuncia ter encontrado, em Jerusalém, uma caverna datada de antes do ano 70 d.C.. Ossários trariam ícones e inscrições com referências diretas a Jesus e à ressurreição
Paloma Oliveto - Correio Braziliense
Publicação: 29/02/2012 08:26 Atualização: 29/02/2012 08:38
Várias imagens e inscrições, segundo James Tabor, remetem à suposta ressurreição dos mortos |
A mais antiga referência ao cristianismo foi descoberta em uma tumba do século 1, encontrada em um moderno condomínio do Bairro East Talpiot, em Jerusalém. Segundo o polêmico pesquisador bíblico James Tabor, que na década de 1980 anunciou ter achado o túmulo da família de Cristo, as imagens e inscrições gravadas em ossários da tumba fazem alusão não apenas a Jesus, mas à sua suposta ressurreição. Iconografias cristãs antigas são comuns, mas até hoje nenhuma era tida como sendo da mesma época em que ele nasceu, o que, para muitos, colocava em dúvida a sua existência.
Tabor e sua equipe, formada por arqueólogos e historiadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, examinaram sete ossários de pedra fechados e intactos, por meio de um braço robótico equipado com uma câmera. O equipamento fez fotos do material, que, analisado por especialistas, mostrou ser de antes do ano 70 d.C.. Embora as câmaras mortuárias não tenham sido submetidas ao teste de carbono 14, é possível estimar a data porque essa era a estética funerária dos anos 20 a 70. Depois desse período, com a destruição da cidade sagrada pelos romanos, os judeus deixaram de usar caixas de pedra nos funerais.
A caverna onde os ossários foram encontrados foi descoberta em 1981, quando as fundações do condomínio estavam sendo construídas. Ela fica a 20 metros de profundidade e, desde então, foi pouco estudada. Diversos arqueólogos já entraram na tumba, mas conseguiram fazer apenas algumas poucas fotos e retirar algumas peças, incluindo o ossário de uma criança, que compõe a coleção do Estado de Israel. A dificuldade é que ortodoxos condenam a escavação de túmulos judaicos, o que fez com que as autoridades políticas selassem a tumba.
Tabor e sua equipe, formada por arqueólogos e historiadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, examinaram sete ossários de pedra fechados e intactos, por meio de um braço robótico equipado com uma câmera. O equipamento fez fotos do material, que, analisado por especialistas, mostrou ser de antes do ano 70 d.C.. Embora as câmaras mortuárias não tenham sido submetidas ao teste de carbono 14, é possível estimar a data porque essa era a estética funerária dos anos 20 a 70. Depois desse período, com a destruição da cidade sagrada pelos romanos, os judeus deixaram de usar caixas de pedra nos funerais.
A caverna onde os ossários foram encontrados foi descoberta em 1981, quando as fundações do condomínio estavam sendo construídas. Ela fica a 20 metros de profundidade e, desde então, foi pouco estudada. Diversos arqueólogos já entraram na tumba, mas conseguiram fazer apenas algumas poucas fotos e retirar algumas peças, incluindo o ossário de uma criança, que compõe a coleção do Estado de Israel. A dificuldade é que ortodoxos condenam a escavação de túmulos judaicos, o que fez com que as autoridades políticas selassem a tumba.
Descoberta foi feita combraço robótico inserido na caverna |
Documentário
Entre 2009 e 2010, James Tabor e Rami Arav, professor de arqueologia na Universidade de Nebraska, conseguiram uma licença da Autoridade de Antiguidades de Israel para estudar novamente a tumba. A ameaça dos grupos ortodoxos e a dificuldade de acesso exigiram o uso de um equipamento especial, patrocinado pelo canal de televisão Discovery Channel, que vai exibir um documentário sobre as descobertas ainda neste ano. Assim, a equipe inseriu no pátio de um dos edifícios do condomínio o braço robótico, que, equipado com uma câmera, conseguiu fotografar o conteúdo do sítio arqueológico subterrâneo.
Se as inscrições descobertas nos ossários são de fato cristãs, como acreditam os pesquisadores envolvidos no estudo, essas gravuras tornam-se o mais antigo registro arqueológico do cristianismo já encontrado. Segundo Tabor, provavelmente foram feitas por seguidores de Jesus algumas décadas após sua morte. Elas teriam sido produzidas, inclusive, antes da redação dos evangelhos, livros que, embora atribuídos simbolicamente a João, Marcos, Mateus e Lucas, foram escritos por anônimos depois do século 1.
Em um dos ossários, há uma inscrição em grego antigo composta por quatro linhas, que diz "Divino Jeová, me levante, me levante" ou "Divino Jeová, me levante até o Lugar Sagrado". "Essa inscrição tem algo a ver com a ressurreição dos mortos ou é uma expressão da fé na ressurreição de Jesus", disse Tabor, em um estudo publicado on-line no site de arqueologia bíblica Bibleinterp.com. "Se alguém tivesse dito que encontrou uma declaração sobre a ressurreição em uma tumba judaica desse período, eu diria que era impossível", continuou. "Nossa equipe estava descrente, mas, com essa evidência saltando aos nossos olhos, tivemos que rever nossas premissas anteriores."
Ao lado dessa urna, havia outro ossário que também faz referência à ressurreição. A imagem de um peixe com um homem saindo de sua boca – iconografia incomum na religião judaica – está ligada ao mito de Jonas. De acordo com a antiga lenda, descrita no Antigo testamento, Jonas foi um pescador engolido por uma baleia, mas que, depois de diversas intempéries, sobreviveu. A história é usada pelos cristãos para fazer um paralelo com a ressurreição de Jesus.
Nas catacumbas romanas, onde os primeiros cristãos se encontravam para, secretamente, realizar seus rituais, a figura do peixe é um dos motivos mais comuns. A história do pescador, contudo, jamais havia sido retratada em uma peça arqueológica do século 1. Tabor explicou que não poderia se tratar de arte judaica, pois a religião proibia a reprodução de imagens de pessoas ou animais.
Golpe de marketing
O estudioso diz estar preparado para uma enxurrada de críticas que devem surgir, pois a maioria dos especialistas são céticos quanto a evidências cristãs antes do século 2. Para Jim West, professor adjunto de estudos bíblicos da Faculdade de Teologia Quartz Hill e autor de diversos livros sobre arqueologia bíblica, o achado de Tabor seria um "golpe de marketing". "Ele não é arqueólogo, em primeiro lugar. Acho prematuro fazer um anúncio desse porte sem a revisão do estudo pelos pares. Na minha opinião, Tabor, que já estrelou muitos documentários na televisão, é um especialista em autopromoção. Temos de ter muita cautela", adverte.
Já Mark Goodacre, professor de religião da Universidade de Duke, prefere não criticar a descoberta sem conhecê-la mais profundamente. "É difícil comentar sem conhecer essas peças. Minha primeira impressão, ao ver as fotos, é de que elas não são muito elucidativas, e quanto à inscrição em grego antigo, é possível que tenha várias interpretações diferentes. O fato é que Tabor tem uma má fama devido a erros anteriores, e, por isso, outros pesquisadores independentes precisam estudar esses achados para confirmar ou não o que ele diz", afirma.
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