'É o fim de um império', diz jornalista que denunciou corrupção na Fifa
Autor de vários livros sobre a corrupção na Fifa e em outras organizações esportivas, além de colaborador do FBI nas investigações que levaram à prisão de sete membros da Fifa nesta quarta-feira, o jornalista Andrew Jennings está eufórico com o desdobramento do caso. Em entrevista ao UOL Esporte, ele foi direto:
"Penso que a coisa importante que fica de hoje (ontem) é o fim da Fifa como conhecemos. (João) Havelange levou o crime organizado à Fifa e ele perdurou desde 1974 até agora. É o fim de um império. Todos os impérios caem. Foi assim com o britânico, com o francês. Até os portugueses tiveram de sair do Brasil. O império da Fifa terminou hoje (ontem)".
"Penso que a coisa importante que fica de hoje (ontem) é o fim da Fifa como conhecemos. (João) Havelange levou o crime organizado à Fifa e ele perdurou desde 1974 até agora. É o fim de um império. Todos os impérios caem. Foi assim com o britânico, com o francês. Até os portugueses tiveram de sair do Brasil. O império da Fifa terminou hoje (ontem)".
Satisfeito com o que aconteceu na Suíça, Jennings tem a certeza de que escândalos ainda maiores virão à tona ao longo das próximas semanas, meses e anos, e que as prisões em Zurique são apenas a ponta do iceberg. Ele acredita que os nomes de Ricardo Teixeira e João Havelange aparecerão em breve nas investigações.
"Apenas espere. É uma longa e abrangente investigação. Eles vão chegar ao nome do Teixeira. Espere. Há muito mais coisa vindo. Isso não termina hoje. Vão pegar o Teixeira. Mas se não o pegarem, os brasileiros deveriam prendê-lo por todos os crimes que ele cometeu contra o futebol", afirmou.
Para Jennings, as investigações envolvendo pagamento de propinas referentes à Copa do Mundo de de 2014 deve ser muito mais um problema interno do Brasil, uma vez que o país não teve concorrência para receber o evento.
"Não tinha competição. A investigação deve ser feita no Brasil. Está tudo cercado de corrupção", disse o autor e jornalista, que perdeu a conta de quantos telefonemas recebeu e entrevistas concedeu ao longo de toda a quarta-feira.
Joseph Blatter, presidente da Fifa desde 1998 e favorito absoluto para a eleição prevista para esta sexta-feira, não escapou da língua feroz de Jennings. Após as prisões, o cartola divulgou um comunicado dizendo apoiar as investigações e que tem como objetivo deixar a entidade livre de comportamentos que manchem a sua imagem.
"Penso que Sepp Blatter mente desde que o dia nasceu. Ele é o chefe da corrupção por mais de 15 anos. Ele trabalhou em prol de Teixeira, ajudando Teixeira. Não faz sentido soltar este comunicado".
"A eleição de Sepp Blatter (nesta sexta-feira) não faz sentido. Quem se importa com isso?", completou Jennings.
O jornalista disse ainda que este caso se arrastará por anos, até que todos os investigados parem atrás das grades.
"Vai levar anos. Vai levar tempo para apurarem as coisas na Suíça, depois irão para os Estados Unidos. Muitas evidências virão à tona nos tribunais, durante o julgamento. Depois passarão um longo tempo na prisão", completou.
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