O vice-presidente americano, Joe Biden, conversou com a presidente Dilma Rousseff sobre as denúncias de espionagem por parte dos Estados Unidos no Brasil e disse acreditar que a relação bilateral pode melhorar.
"A presidente Dilma e eu tivemos a oportunidade de manter uma conversa franca" sobre as revelações da espionagem americana, contou Biden, em uma breve declaração aos jornalistas, fechada para perguntas, após a reunião, em Brasília.
"Debatemos os programas americanos de vigilância que foram revelados no ano passado (2013). Eu sei que a questão importa muito para as pessoas aqui. Sinceramente, importa para o povo nos Estados Unidos também", afirmou Biden, acrescentando que informou Dilma das mudanças determinadas pelo presidente Barack Obama.
"Eu disse a ela - o que ela já sabia - que o presidente Obama determinou uma revisão imediata. Fizemos verdadeiras mudanças no nosso processo e estamos adotando uma nova abordagem para essas questões", garantiu.
Biden lembrou que "em janeiro passado, os EUA anunciaram importantes reformas" e prometeu que "vamos manter consultas de perto com nossos amigos e parceiros, como o Brasil".
A pauta do encontro inclui uma conversa sobre os direitos dos cidadãos de todo o mundo na Internet.
"Discutimos o esforço comum que temos para proteger e garantir a segurança da Internet, que não é uma ferramenta de repressão governamental, pertence às pessoas do mundo todo", comentou Biden, destacando a "importante liderança" do Brasil na defesa dessas questões.
No ano passado, Dilma cancelou a visita de Estado que faria a Washington em outubro e denunciou a espionagem americana na ONU, após o vazamento de documentos sobre o monitoramento global e sem autorização feito pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês). Além das comunicações on-line da presidente Dilma, a agência americana espionou as da Petrobras e de milhões de brasileiros.
Pouco antes do início da reunião, Biden se declarou "confiante" na melhora das relações com o Brasil nessa área.
Há duas semanas, em um jantar com correspondentes estrangeiros no país, Dilma havia declarado que o Brasil ainda espera um "sinal forte" do governo americano de que a espionagem não vai se repetir.
Para a presidente, que há havia se encontrado com Biden em março, no Chile, durante a posse de Michelle Bachelet, Brasil e Estados Unidos já teriam passado da fase de namoro, mas ainda não tinham chegado ao ponto de pensar em casamento e reprogramar sua visita de Estado a Washington.
Biden chegou a Brasília, procedente de Natal, onde assistiu, na segunda-feira, à vitória por 2-1 dos Estados Unidos sobre Gana, na estreia da seleção americana na Copa.
O vice dos EUA disse ter ficado eufórico com o resultado e elogiou o estádio de Natal e o "incrível" trabalho feito pelo Brasil para organizar o Mundial.
Mais uma vez, Biden destacou as relações bilaterais com o Brasil e suas possibilidades de ampliação, que podem, segundo ele, beneficiar não apenas os dois países e suas populações, mas o "hemisfério" e o mundo.
Os Estados Unidos são o segundo sócio comercial do Brasil, atrás da China. Em 2013, o comércio bilateral beirou os US$ 60 bilhões.
Depois de visitar o Brasil, Biden segue para a Colômbia, que acaba de reeleger o presidente Juan Manuel Santos.
Dilma não deu declarações sobre o encontro com Biden, assim como o vice Michel Temer, que também se reuniu com seu homólogo americano.
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