21 fevereiro 2014

Carne serenada, laticínios e quitandas são os atrativos do Vale do Mucuri

Publicação: 21/02/2014 06:00 Atualização: 21/02/2014 06:44

Um atrativo turístico de Teófilo Otoni é a antiga locomotiva da Estação Ferroviária Bahia-Minas, no Centro, onde são encontrados restaurantes e lojas de pedras preciosas (Fotos: Beto Magalhães/Em/D.A PRESS)
Um atrativo turístico de Teófilo Otoni é a antiga locomotiva da Estação Ferroviária Bahia-Minas, no Centro, onde são encontrados restaurantes e lojas de pedras preciosas

Uma região rica em ingredientes, turismo e gente da melhor qualidade está no Vale do Mucuri, banhado pelo rio de mesmo nome, no Nordeste de Minas Gerais. Quem tem o hábito de pegar a Rodovia Rio-Bahia com destino às paradisíacas praias baianas pode reservar um ou dois dias nessa região para conhecer um roteiro que guarda algumas maravilhas do nosso estado. Geralmente, turistas brasileiros se vangloriam de se embrenhar pelo interior de países como Itália e França, descobrindo pequenos produtores que valorizam o local onde vivem, a terra de onde saem as uvas que farão os vinhos, o leite para os queijos deliciosos. Mas pouco conhecem peculiaridades do seu próprio país. Então, sinta-se convidado para viajar nessa expedição.

O Vale do Rio Mucuri, parte central do terroir dos rios, é dividido por Teófilo Otoni, município com 150 mil habitantes que se localiza em um ponto de convergência de rodovias que ligam o Norte ao Sul do país. Por essa razão, a cidade é transformada em um grande polo urbano, com 500 mil pessoas flutuantes, que impulsionam o comércio. De um lado do vale está o Alto Mucuri, que tem como principais cidades Malacacheta e Poté, famosas pela produção dos deliciosos requeijões escuros, doces e quitandas. No Baixo Mucuri, em que estão Carlos Chagas e Nanuque, o solo se faz presente no sabor das carnes e dos laticínios, além dos peixes e das quitandas. 

Teófilo Otoni foi ocupada por imigrantes alemães em 1847, quando foi fundada na cidade a Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri, então, há algumas referências europeias ainda na cidade, como o casario, e uma estátua em homenagem a eles. Na Praça Tiradentes, há restaurantes variados, bares e comércio de pedras preciosas e semi-preciosas, além de atividades culturais. Um atrativo turístico interessante é a antiga locomotiva da Estação Ferroviária Bahia-Minas. 

Um lugar que o turista não pode deixar de visitar é o Mercado Municipal, onde todos os elementos gastronômicos estão presentes: carne de sol, pimentas variadas, cachaças artesanais, laticínios, costelas, linguiças…, enfim, e vários outros ingredientes. A dica é se permitir ficar umas horas por ali, conversando com os comerciantes, pegando receitas. Quem gosta da “branquinha” e estiver passando por Malacacheta pode se aventurar a conhecer de perto a produção da cachaça Tropicana, direto no alambique. 

Outras iguarias gastronômicas estão nos frutos como as suculentas jacas e as palmeiras, como a brejaúba. Estão presentes ainda as mangas, encontradas em todo o estado, mas que na região chegam a impressionar pela quantidade e diversidade. 

Em todo o Vale do Mucuri a mandioca é presença forte e marcante, herança da tradição indígena, mas o leite e a carne têm sabor especial. Explica-se: o gado é tratado a pão de ló e se alimenta dos capins colonião e braquiária, além de beber água salobra. Essa mistura de ingredientes, dizem especialistas em agropecuária, conferem ao rebanho uma qualidade ímpar, que é conferida na qualidade das carnes e dos laticínios. Um dos restaurantes em Teófilo Otoni, o Gulliver, faz uma leitura contemporânea de pratos que usam ingredientes locais. Exemplo disso, conta sua proprietária Maristela Oliveira, é o rondelle de carne de sol com abóbora.

Gilson da Cruz mostra a manta de carne de sol, vendida no Mercado Municipal (Fotos: Beto Magalhães/Em/D.A PRESS)
Gilson da Cruz mostra a manta de carne de sol, vendida no Mercado Municipal

QUEIJOS, CARNE E PEIXES Outro produto de destaque do Mucuri é o requeijão moreno, uma iguaria típica das gerais, e muito apreciada. Em Malacacheta, o produtor de requeijão escuro, José Walker dos Santos, se destaca, assim como o Laticínio Lacbom, que surpreende pela qualidade de todos os seus produtos, em especial o queijo de leite cru, o parmesão e o delicioso cabacinha. No Baixo Mucuri, os produtos especiais da Cooperativa de Laticínios do Vale do Mucuri (Coolvam) chamam a atenção pelo sabor. Alguns já comercializados em Belo Horizonte em supermercados gourmet.

É o processo de serenar as carnes com a salga e a desidratação, processo similar ao que ocorre em todo o Norte de Minas, que também marca presença no Mucuri. Dois experientes comerciantes que trabalham com isso são o Gilson Ferreira da Cruz e o Gilvan de Deus, conhecido como Gilvan da Macaxeira. Gilvan conta que o segredo está no corte e no tempero da peça. “É preciso limpar a carne de sol, retirando o excesso de gordura. Depois, você retalha o pedaço, deixando um pouco da gordura, e passa o tempero no meio. Ela está pronta para ser assada”, ensina.

Além desses itens maravilhosos, os peixes também estão presentes nesse terroir com os saborosos cascudos e traíras, ainda abundantes nas águas do Mucuri. Tem ainda os robalos, mesmo que mais escassos, e os quase extintos pitus de água doce, que até bem pouco tempo, antes das barragens, segundo relato de moradores antigos e pescadores, eram marcas registradas em Nanuque e Mayrink, colônia de pescadores e distrito de Carlos Chagas. Há vários restaurantes onde o visitante pode provar moquecas e peixes com pirão para lá de saborosos.

SERVIÇO

Teófilo Otoni e Região


Onde ir

Praça Tiradentes - Avenida Getulio Vargas, Centro, Teófilo Otoni

Mercado Municipal de Teófilo Otoni – Avenida Getulio 
Vargas, Centro

Casa do Queijo - Delícias Caseiras - Avenida Pedro Abrantes, Mercado Municipal, Malacacheta

Complexo Lagoa dos Namorados, Bairro Israel Pinheiro, Nanuque

Barragem de Santa Clara, no Rio Mucuri, Nanuque

Alambique da cachaça Tropicana - Sitio Recreio, Rodovia MG 217, 
km 85, Malacacheta, Tel: (33) 3514-1792

Onde comer

Restaurante Gulliver - Rua Wenefredo Portela, 246, Centro, Teófilo Otoni, Tel: (33) 3522-3932

Lanchonete Favorita (Gilvan da Macaxeira) - Rua Epaminondas Otoni, 777, Centro, Teófilo Otoni, Tel: (33) 3521-1042 – Rua Uberaba, 116, Centro, Nanuque

Lacave Delicatessen Scoth Bar e Café - 
Rua Uberaba, 66, Nanuque


Onde se hospedar

Petrus Palace - Avenida Belo Horizonte, 416, Centro, Nanuque, Tel: (33) 3261-1879

Hotel das Palmeiras - Rua Augusto Marx, 43, Teófilo Otoni, Tel: (33) 3523-5100

Hotel Nobre - Rua Francisco Sá, 392, Teófilo Otoni, Tel: (33) 
3521-5824


Receita


Empada de carne de sol com ora-pro-nóbis (ou maxixe)

Ingredientes

Massa

1kg de banha

2kg de farinha de trigo

600ml de guaraná

5 gemas de ovo para pincelar

Recheio

2kg de carne de sol

2 pratos de ora-pro-nóbis picado (ou maxixe)

2 cebolas grandes

2 colheres de azeite

5 dentes de alho

1kg de queijo catupiry

Como fazer

Para a massa da empada, amassar a banha, a farinha de trigo o guaraná. Forrar as forminhas com parte da massa. Reservar o restante para cobri-las. Para o recheio, dessalgar a carne de sol e cozinhar em água. Escorrer, desfiá-la e refogá-la no azeite com a cebola, o alho e o ora-pro-nóbis. Quando estiver pronto, rechear as empadas, acrescentando o catupiry por último. Cobrir as empadas com o restante da massa. Pincelar a tampa da empada com as gemas e levar as empadinhas num tabuleiro ou refratário ao forno a 180 graus.

*Rende 50 empadinhas

Receita fornecida por Márcia Gomes de Oliveira (mulher do Gilvan da Macaxeira), de Teófilo Otoni: (33) 3521-1042

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